Os inúmeros acordos, compromissos, relatórios, dias comemorativos servem para lembrar: é possível vivermos num mundo sem fome e miséria, sabemos como fazê-lo e este é um compromisso assumido por 189 países no mundo (incluindo Portugal).
Hoje, Dia Mundial da Erradicação da Pobreza, questionamos o mundo, a Europa, e em particular Portugal, acerca dos compromissos assumidos para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, nomeadamente o Objectivo número um que tem como metas, até 2015, o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos, incluindo mulheres e jovens e a redução para metade da proporção da população afectada pela fome bem com o da proporção da população cujo rendimento é inferior a um dólar por dia.
Hoje, 900 milhões de seres humanos não têm capacidade de resposta para as necessidades primárias de sobrevivência quotidiana, seis milhões de crianças morrem de fome e outros 161 milhões sofrem de subnutrição crónica. As políticas inadequadas e muito pouco coerentes para a agricultura, comércio, água e energia, a proliferação do trabalho sem direitos, as novas questões relacionadas com as alterações climáticas, o aumento dos combustíveis e o aumento do preço de produtos alimentares provocam as desigualdades no mundo, negam o direito a uma vida digna, negam a universalidade dos direitos humanos.
É urgente que os governos e sociedade civil percebam e encarem as verdadeiras causas da pobreza e da fome, questionem o actual desequilíbrio entre a grande riqueza e a extrema pobreza, entre o consumo excessivo e a fome e actuem para que os compromissos sejam de facto cumpridos e os dias mundiais possam ser realmente celebrados.